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A transformação do mercado de trabalho pela digitalização, I.A. e outras forças

  • Foto do escritor: Frederico Gonzalez Colombo Arnoldi
    Frederico Gonzalez Colombo Arnoldi
  • 29 de mai.
  • 6 min de leitura

Atualizado: 4 de jun.


Agenda


  • Contexto

  • O mercado de trabalho no futuro segundo o relatório “Future of Jobs”, edição de 2025

  • Destaques e insights da Carpa Analytics

  • Conclusões e estratégia frente às mudanças em curso


Contexto


Planejar é uma atividade corporativa e individual importante no sucesso das organizações e dos indivíduos. Antecipar como será o futuro, para que as iniciativas planejadas gerem os resultados esperados no momento em que elas cheguem à produção, e por mais algum tempo, é parte central do planejamento. 


Antecipar é mais importante, mas também mais desafiador, quanto maior é a expectativa de mudanças. Recentemente, após os primeiros lançamentos de produtos com IA Generativa e de Agentes com IA Generativa, cenários de grandes mudanças pela tecnologia foram criados, alguns com muito embasamento, outros dominados pela imaginação, sem levar em consideração as limitações atualmente existentes. 


Frente a esse contexto, buscamos entender quão importante serão essas novas tecnologias na definição do mercado dos próximos anos; quais são os demais fatores, além da tecnologia, que precisamos entender e considerar; e como os profissionais de tecnologia serão impactados. Resumimos abaixo, os principais pontos.


O mercado de trabalho no futuro segundo o relatório “Future of Jobs”, edição de 2025


Segundo o relatório "Future of Jobs" de 2025 [1], do Fórum Econômico Mundial, para 2030,  projeta-se a eliminação de 92MM de postos de trabalho. Porém, espera-se também a criação de 170MM de novas oportunidades profissionais (+7% ou 78MM, ver abaixo figura 2.1 do relatório). Isso significaria um impacto em 22% das posições de trabalho formais atuais. É uma mudança muito significativa para os próximos 5 anos, porém em uma direção positiva.


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Os principais fatores e direcionadores dessa mudança são, entre outros, a digitalização da sociedade (que inclui, mas não é exclusivamente pela I.A.), aumento do custo de vida, esforços para redução da emissão de CO2 e o foco em melhorar questões sociais e trabalhistas. Nos surpreendeu o envelhecimento da população ser apenas o 7º direcionador, porém pode ser pelo fato de o foco ser apenas até 2030. Os temas associados à digitalização são os mais relevantes individualmente, mas representam apenas 1/12 das principais forças que devem impactar o mercado de trabalho (ver abaixo figura 1.1 do relatório). 


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Como esperado, projeta-se uma redução dos trabalhos conduzidos 100% por humanos, isto é, sem apoio de tecnologia, de 47% para 33%. Em paralelo, é esperado um aumento dos trabalhos feitos com apoio de tecnologias (de 30% para 33%) e automatizados (22% para 34%) (ver abaixo figura 2.7 do relatório).


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A I.A. é a principal das tecnologias nessa mudança mas, diferentemente do que às vezes é implicitamente comunicado, o relatório prevê que a IA criará mais empregos (11MM) que destruirá (9MM).  Diferentemente, espera-se que a Robótica, essa sim, venha reduzir algo em torno de 5MM de empregos (ver abaixo figura 2.6 do relatório). Dado interessante é que a presença de robôs em atividades econômicas dobrou nos últimos 7 anos, atingindo uma média de 162 robôs por 10.000 funcionários humanos. Essa robotização é vista principalmente em empresas em  economias mais desenvolvidas.


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Destaques e insights, pela Carpa Analytics


  1. As profissões associadas à tecnologia são as que mais devem crescer percentualmente; especialistas em Big Data (#1) e engenheiros de Fintech (#2) serão mais demandados que especialistas em IA (#3); Essa projeção, apesar de não ser inesperada, contraria um pouco o que nos parece como ‘senso comum’ em dois pontos: I) não são as atividades diretamente relacionadas a IA as que mais devem crescer; ii) contrariando a visão de alguns, mas não a nossa, não é esperado que a IA generativa e os copilotos de programação reduzam a demanda por engenheiros e programadores (ver abaixo figura 2.2 do relatório).


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  2. Apesar do crescimento esperado nas posições de trabalhos associadas aos temas de Big Data, I.A. e desenvolvimento de softwares, algumas das habilidades técnicas nessas posições estão entre as mais suscetíveis de serem substituídas pela IA generativa (ver abaixo figura B3.1 do relatório). Apesar de parecer um contrassenso ou uma contradição, muito provavelmente não é: essas são posições muito dependentes e baseadas nas tecnologias, que estão em constante mudança. Ao mesmo tempo, podemos também observar que pensamento crítico e criativo estão entre as habilidades para as quais a IA Generativa tem as menores capacidades para substituir. Essas últimas, são habilidades essenciais para desempenhar as atividades profissionais em níveis mais altos de senioridade. Assim, destacamos:


    1. Atenção para o excesso de confiança na uso de I.A. para aceleração ou, principalmente, substituição de profissionais.


    2. O perfil desses profissionais deve mudar: as atividades que envolvem apenas desenvolvimento de partes simples e bem especificadas de software ou de pipelines de dados e de IA, sem agregação de valor humano significativa, devem ser democratizadas. Isto é, mais pessoas terão a capacidade de gerar esse tipo de resultado e ter acesso a essas posições de perfil júnior. Por outro lado, para atingir perfis mais Seniors, será cada vez mais importante ter criatividade, pensamento crítico, empatia e visão de negócio. O relatório não menciona, mas em nossa visão, para as atividades de desenvolvimento de sistemas com I.A., ser capaz de entender os conceitos de riscos e como gerenciar os erros da I.A., será cada vez mais importante para os profissionais que buscam liderar times de desenvolvimento de soluções com IA. Isso já é uma tendência observada desde o aparecimento de linguagens de programação de alto nível e pacotes open-source, passando para ferramentas nível enterprise, low ou no code. A IA Generativa parece ser mais um degrau/acelerador dessa tendência, já que pode democratizar ainda mais as atividades puramente técnicas.


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  3. Se percentualmente as posições associadas às tecnologias da informação são as que mais vão crescer, as posições associadas à agricultura e serviços de delivery são as que mais vão crescer nominalmente até 2030 (ver abaixo figura 2.4 do relatório).


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  4. As principais posições ameaçadas para eliminação são aquelas em que a tecnologia tem criado "auto serviços": caixas e vendedores de tickets; assistentes administrativos e secretários executivos (ver abaixo figura 2.4 do relatório).


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    Conclusões e possível estratégia, frente às mudanças em curso


  1. Resumo: Até 2030, as mudanças no mercado de trabalho e nas habilidades, estão seguramente acontecendo, mas parece que vão acontecer seguindo uma tendência já clara e em andamento (por exemplo, mais auto-serviços, mais ferramentas no/low code, menor emissão de carbono) e não para algo completamente novo (substituição de médicos, advogados e programadores por tecnologias puras).  Se pudéssemos resumir os achados dessa pesquisa, do ponto de vista de tecnologia, resumiríamos em uma frase bem conhecida: “The future is already here – it’s just not very evenly distributed”. Ou seja, as economias e empresas em setores emergentes, já tem uma amostra do que será possível no médio prazo. A democratização desses avanços é que deve moldar as inovações nas empresas de maneira geral nos próximos anos. Aquilo que ainda não é possível em nenhuma empresa de nenhuma economia, é ainda matéria de ficção científica. Essas, podem ou não chegar a realização e, caso venham acontecer, devem impactar significativamente a economia no longo prazo, pós 2030.


  2. Para os executivos e gestores, frente aos impactos da I.A., investir na capacitação dos colaboradores ou contratar colaboradores capacitados nas novas tecnologias, parece ser a principal estratégia e mais importante do que focar em substituir profissionais humanos pela tecnologia (ver abaixo figura 4.14 do relatório). As mudanças e a evolução tecnológica estão de fato acontecendo e podem automatizar algumas tarefas (e eventualmente posições), mas existem habilidades importantes a qualquer profissional mais Sênior, como o pensamento crítico e criativo, assim como empatia, onde a tecnologia parece não estar pronta para substituição.


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  3. Existem variações geográficas importantes, e outros direcionadores precisam ser acompanhados (sociais, ambientais, econômicos, etc), pois juntos devem ser mais importantes que a tecnologia sozinha. Focar e apostar em uma transformação radical do mercado e da força de trabalho por uma automatização generalizada antes de 2030, e apenas pela tecnologia, parece ser uma visão um pouco simplista e, potencialmente, perigosa. Sugerimos uma análise crítica de todas as forças direcionadoras, características do setor e da região em que se está inserido.


Sobre o relatório  “Futuro do Trabalho” de 2025: Organizado pelo Fórum Econômico Mundial, é resultado de um compilado da visão de mais de 1000 empresas de 22 setores, incluindo setores emergentes e em declínio, e 55 economias. 


Autor do artigo: Frederico Arnoldi


Referências



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